quarta-feira, 31 de março de 2010

Poema às curvas de Minas

Minas é toda cheia de curvas...

Elas tão por toda parte

Elas tão nas silhuetas dos morros

Dos morros que em suas suaves, ou abruptas, curvas

Lembram os contornos das mulheres de Minas

As suaves e as abruptas

A curva se faz na conversa

Que sempre desvia e chega no ouvido do vizinho

E aí, a rua inteira já sabe!

Mas a curva tá na linguagem tamém

Tá nas palavras de todas partes, de todas cores

Tá no "r" bem redondinho mesmo

As curvas tão nos rios

Que corajosamente cortam vales

Entre montanhas tão maiores que eles!

E as curvas tão tamém nas nossas estradas

Que estreitas e esburacadas

Corajosamente atravessam as serras

E é depois da última curva de Minas

Que o mineiro chega em outras terras

Porque com tanta curva assim

O mineiro é um bichinho curioso

Que tá sempre querendo ver com a mão

E saber o que que tem do outro lado

Ali mesmo, depois da curva

E é por isso que se encontram mineiros em todas as esquinas do mundo

Mesmo nas cidades que não tem esquinas!

Mas aí, por mais civilizado que o mundo lá fora calha de querer ser

O mineiro descobre que não há nada mais moderno

Que pão-de-queijo no fogão-de-lenha

Que café-da-tarde, que missa das 7

Que praça lotada, que oi na rua

Que em vez de dizer "tchau"

Palavra curta e sem graça

Falá "vô subi o morro!"

E é por isso que o mineiro volta

E é por isso Minas

Que algumas curvas a mais

Eu pego a tangente

E volto.

* Amanhã eu volto... mas só vai dá tempo de robá uma galinha e dá uma maiada no Judas e já vô tê que disvoltá.....