Elas tão por toda parte
Elas tão nas silhuetas dos morros
Dos morros que em suas suaves, ou abruptas, curvas
Lembram os contornos das mulheres de Minas
As suaves e as abruptas
A curva se faz na conversa
Que sempre desvia e chega no ouvido do vizinho
E aí, a rua inteira já sabe!
Mas a curva tá na linguagem tamém
Tá nas palavras de todas partes, de todas cores
Tá no "r" bem redondinho mesmo
As curvas tão nos rios
Que corajosamente cortam vales
Entre montanhas tão maiores que eles!
E as curvas tão tamém nas nossas estradas
Que estreitas e esburacadas
Corajosamente atravessam as serras
E é depois da última curva de Minas
Que o mineiro chega em outras terras
Porque com tanta curva assim
O mineiro é um bichinho curioso
Que tá sempre querendo ver com a mão
E saber o que que tem do outro lado
Ali mesmo, depois da curva
E é por isso que se encontram mineiros em todas as esquinas do mundo
Mesmo nas cidades que não tem esquinas!
Mas aí, por mais civilizado que o mundo lá fora calha de querer ser
O mineiro descobre que não há nada mais moderno
Que pão-de-queijo no fogão-de-lenha
Que café-da-tarde, que missa das 7
Que praça lotada, que oi na rua
Que em vez de dizer "tchau"
Palavra curta e sem graça
Falá "vô subi o morro!"
E é por isso que o mineiro volta
E é por isso Minas
Que algumas curvas a mais
Eu pego a tangente
E volto.
* Amanhã eu volto... mas só vai dá tempo de robá uma galinha e dá uma maiada no Judas e já vô tê que disvoltá.....
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