quarta-feira, 17 de agosto de 2011

tempo corrido

faço memórias como quem sobrevive de si lembro porque é minha a memória porque recordar é lembrar em mim e sendo minha eu que nunca neguei o egoísmo me declaro no direito de lembrar como invento pois de inventar é que lembro e lembrando tanto e a todo momento me coloco nesse corajoso embate com o tempo do qual não pretendo sair vencedor já que a vontade maior é jogar na cara dele umas quantas inverdades mostrando que se de passado é o presente e se é o ofício mesmo do tempo passar de um lado pro outro que se passa quando ele vai de volta pra trás quando passa de banda e futuro passado presente qual é menos contemporâneo e onde que ele para pra que se possa contar sem que ele fique assim a passar enquanto se conta que além de ser muito do deselegante ainda dá e mais que dá fica dando o trabalho extra de continuar contando toda vez que parece que já foi tudo e se todo mundo se põe a falar sobre o tempo desde os clássicos e os lunáticos até os lunáticos clássicos será que vale de alguma coisa ser mais uma voz a ficar lhe inflando o ego este que já deve andar bem acariciado por ser tema assim tão recorrente digno da atenção de tanta gente quase a todo instante e a denúncia é que isso já é quase um monopólio pois que o tempo além de não deixar de passar o que já é de consenso um estorvo e de não deixar ninguém passar em seu lugar ainda fica nas bocas dos que passam por ele uma parte muito mais do que aconselhável do próprio tempo e está aí o círculo vicioso de que por mais que passe o tempo nunca nos deixa remédio que senão ficar pensando como ele passa e isso sem nem bem sabermos como já discutido anteriormente se ele passa mesmo de um lado pro outro sendo que essa direção de um lado pro outro equivaleria a do começo pro fim sem parar ou fazer rodopio é por isso que eu alço minha voz esta falando em nome da memória ressaltando que a intenção é ser revolucionário ainda que o adjetivo em questão ande meio desacorçoado aliás palavra esta que merecia voltar a moda mas o que importa é que o que é uma revolução senão uma embolada no tempo pra trocar de lugar o que ali estava desde sempre ou ao menos já deveria estar ou estava antes e de um momento pro outro arrancaram ou ainda estava no lugar certo mas em mãos erradas por isso espero que no fim eu tenha mesmo a razão entendendo por razão não a certeza eterna de estar certo mas a dúvida irrevogável de estar errado o que me coloca numa posição mais arrojada quiçá até confortável e não é que eu esteja advogando por uma espécie de negação da conversão salvadora aquela que no fim dos tempos há de nos salvar de modo relativamente igualitário desde que nossos camelos passem pelo buraco da agulha ou que se costure pela noite com a mesma agulha do dia ou algo parecido mas é que mesmo que exista o tal fim e ele inexoravelmente chegue um belo ou não tão belo dia ainda assim nada me convence de que eu caminho pra ele e não ele pra mim o que já o torna mesmo que fim amplamente questionável pois que já se sabe que talento não falta para a invenção de começos

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